À primeira vista, os audiobook parecem inespecíficos, desinteressantes e sem graça.

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Eles foram negligenciados pela teoria, que poderia definir suas características e direcionar o desenvolvimento, e na prática, eles não desenvolveram uma linguagem e uma forma específicas que permitissem distingui-los como campos artísticos distintos. Onde as reproduções de áudio criam um teatro fechado da palavra falada, os audiobook introduzem a leitura usual em voz alta.

No entanto, um olhar mais atento a essa aparente simplicidade nos permitirá compreender que os audiobook são um fenômeno à parte, característico da atualidade, que desencadeia uma série de problemas específicos que vale a pena analisar. A voz como traço de individualidade A aparente suavidade dos audiobook esconde o que lhes é específico, e é no discurso ordinário, desprovido de grandes ambições artísticas, que encontram sua força.

As rádios distanciaram- se da realidade de várias formas, criaram um mundo sonoro fechado e foi isso que lhes permitiu ganhar autonomia. No caso dos audiobook, podemos falar em uma inversão dessa tendência, em deslocar a ênfase da mensagem para o locutor, em substituir o som controlado pelo ator por uma voz humana.

Embora os atores ainda estejam frequentemente envolvidos na produção de versões sonoras de livros, as gravações geralmente são desprovidas de características próprias dos audiodramas, indicando sua autonomia em relação à literatura.